Você sabia que quase 100 iniciativas de comunicação atuam a partir das periferias da cidade de São Paulo?
Segundo o Mapa do Jornalismo Periférico, produzido em 2019 pelo Fórum Comunicação e Territórios, foram identificados 97 realizadores comunicativos espalhados pelas bordas da cidade. Esses coletivos, mídias independentes e comunicadores populares são responsáveis por pautar realidades muitas vezes ignoradas pelos grandes veículos — e fazem isso de dentro pra fora, com olhar e linguagem própria.
A história é antiga: desde os anos 1990, jornais impressos, fanzines e rádios já disputavam o direito à comunicação nas quebradas. Mas o movimento ganha força a partir de 2012, com a criação de pelo menos 36 novas iniciativas, impulsionadas pelo acesso ampliado à universidade pública e pela efervescência cultural periférica paulistana.
Um marco importante dessa trajetória foi, em 2017, a apresentação da Virada da Comunicação organizada por iniciativas da Rede Jornalistas das Periferias, ocupando um espaço tradicionalmente reservado a grandes veículos e colocando as quebradas no centro do debate sobre comunicação.
No entanto, manter essas iniciativas ativas e profissionais ainda é um desafio. Segundo o levantamento:
- Mais de 80% dos projetos produzem conteúdo autoral
- Mas apenas 33% conseguem publicar diariamente
- 80% das pessoas envolvidas também têm outro trabalho como principal fonte de renda
As políticas públicas culturais são o principal apoio para a sustentabilidade dessas iniciativas. Destaque para:
- Programa VAI, acessado por 50% das iniciativas
- Fomento à Cultura da Periferia (15%)
- Redes e Ruas (10%)
Esses dados ajudam a compreender os limites e a potência do jornalismo feito nas quebradas — um jornalismo que resiste, informa e transforma a partir do território.
O Território da Notícia nasce a partir dessas constatações: da urgência em fortalecer a comunicação periférica, enfrentar os desertos de distribuição de informação e buscar caminhos sustentáveis para que essas vozes continuem ecoando com autonomia e potência.
No TN, criamos estratégias para ampliar o acesso à informação e valorizamos conteúdos produzidos por quem vive e transforma os territórios todos os dias.